Eu sei que a arte é dificil .
Certas pessoas sabem usar as palavras pra abraçar a gente melhor que a maioria sabe usar os braços.



Sinto vontade de escrever sobre isso. Qualquer rascunho ou parágrafo que seja, mas o que me chama a atenção, definitivamente, é digno de menção contextual. Mesmo que não se esteja escrevendo realmente, a gente sempre está escrevendo por dentro. Saio vazio; pela rua, caminho pelo meu bairro, percorro um trilho sinuoso que me obriga a seguir sempre em frente não importando a direção. Andar por esses lugares, algumas idéias na cabeça e um fim de tarde de outono. Não preciso de muita coisa. Caminhando, mais um pouco. Música boa nos fones, em um volume não-saudável. Parece que eu não tô aqui. Na verdade, não tô. Daí eu volto. Cheio.

Cabe a mim encontrar um destino pra tudo isso que me ocupa e me faz sentir ganas em descrever. Acredite, é nessas andanças sem rumo que a gente é contemplado com algum lampejo qualquer que faça sentido. A gente não o procura muito menos espera por ele, por si só lhe surge algo nebuloso e digno que vem da alma e tu sente necessidade de compartilhar isso com o primeiro ser humano que apareça na sua frente. Você se sente um super-herói. O que mais te importa no momento é tentar contagiar com tua dramaturgia quem tiver a ousadia de se prostar a sua volta, e isso te abre permissão pra que tua maturidade seja rotulada.

Tal maturidade essa que, certa vez, me trouxe a certeza de que não é impossível viver sem alguém o qual amamos ou julgamos amar. E que, se por um lado aprendemos a assumir nossos erros, por outro aprendemos a assumir o erro da outra pessoa. Assumir, criticar, julgar e se revoltar. E assumir, novamente.

O lance é sempre perguntar pra si mesmo o seguinte: o que é que eu posso escrever agora onde algumas pessoas se sentirão retratadas de maneira a tocá-las, enfim? Ao mesmo tempo que isso pode soar utópico demais, não descarto a idéia de que realmente alguma pessoa se sentirá tocada por aquilo que ela for ler. Deixe transparecer o que você sente, da melhor maneira que encontrar. Deixe acontecer o dano em seu coração por mais doído e amargo que ele seja. Invariavelmente o preto se torna branco e o amargo às vezes é doce.

Por isso, lavre sua dor, lavre sua alegria. A literatura pertence aos que não são pela metade, bem como eu sou.





Nenhum comentário:

Postar um comentário