Estar assim . Sentir assim
Não me arrisco a dizer que não faço sentido, justamente porque ando recebendo irrefutáveis provas que me provem o contrário. Fazendo por onde a gente se sente apto a provocar mudança, com força necessária pra dobrar os joelhos e pular qualquer buraco que surgir pela frente. O medo do novo sempre existe mas não possui a mesma força de outrora, e algum possível dano em vã tentativa lhe fará desistir. Cada entrelinha, cada verso, cada gesto, cada passo. Você levanta teu pé do chão e se esquece que pra andar um quilômetro é evidentemente necessário andar um metro primeiro. Cada memória e todos os planos serão ditados pelos caminhos da estrada; mas sim, em certo momento é preciso dizer que a vida lhe alcançou.
Percorrer por todo tempo o caminho da incerteza e descobrir a vida em cada passo, essa é a idéia. A vida que sempre procurou. Em vezes, você chega a pensar que a única vida é a vida dentro de cada guitarra distorcida que te entope os ouvidos durante o tempo que mantém os seus tímpanos ocupados, das frases musicadas, solfejos e semi-tons. Essa vida envolve tanto, mas tanto, que faz o tempo passar sem fazer ruído. A questão é, como transpor todo esse poder abstrato? Como fazer com que algo intocável e invisível lhe cause mudança?
A gente não se dá conta mas as ruínas fazem parte do caminho da mudança. Que atire a primeira pedra quem nunca se feriu quando atingido por alguma ruína esquecida. Elas não existem à toa. Nada existe à toa. Qualquer coisa pode ser considerada insignificante, mas é importante que essa coisa exista. E é nessas múltiplas insignificâncias da vida que eu encontro companhia. O garoto perdido que optou pelo caminho do incerto. Entre tantos caminhos a seguir, eu sempre prefiro aquele para onde a flecha aponta. Ditando a estrada que segue sempre em frente, pra qualquer que seja a direção.
Em um mundo onde as pessoas encontram-se cada vez mais distantes uma das outras, aquela palavra que pula do coração de quem aqui escreve, para o coração de quem lê, deve ser sempre lida com atenção. Por isso sinto essa necessidade de escrever e mencionar a vida em cada passo. Para fazer da minha ortografia a mais infinita verdade, e desse caminho incerto, minha própria casa.
As canções que não ouso mais ouvir, os olhos diante do pôr do sol, os abraços antes de dormir, a chuva que dissolve a cidade, a vontade de querer mudança, o coração que não quer parar… e todos os outros detalhes que fazem parte da coleção de uma vida que ainda tem muita estrada para ser percorrida. Será que estou mesmo tão errado assim em querer sempre atingir a inexistente – e sempre mencionada – fase de mudança?
A vontade de ficar para sempre junto do coração nunca NUNCA é errada. E se a minha estrada é o lugar onde o coração está, nunca vi alguém que faça sua casa da própria inconstância tão bem quanto eu.

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